População Residente, População Resistente
Quando, em 2010, assumimos o desafio de executar o projeto de “Conservação, Estudo, Valorização e Divulgação do Complexo Mineiro Antigo do Vale Superior do Rio Terva”, promovido pelo Município de Boticas e financiado por fundos da União Europeia (EEC PROVERE AQUANATUR, do Eixo Prioritário II – Valorização Económica de Recursos Específicos do ON.2 – O Novo Norte), tínhamos estabelecido como imperativo envolver as populações do território abrangido pelo projeto, pois são elas quem, enquanto construtoras da paisagem, mais legitimamente podem aspirar e reivindicar serem ouvidas na definição das estratégias de desenvolvimento que as afetam.

Uma das diversas formas que encontramos para promover esse envolvimento foi convidar as pessoas a integrar, voluntariamente, uma galeria de fotografias da população residente no que passou a designar-se por Parque Arqueológico do Vale do Terva, que instalámos no Centro de Interpretação de Bobadela.

Coube à fotógrafa Inês Fontes fotografar os rostos dos que aceitaram o convite, em sessões que, ao longo de mais de um ano, se realizaram nas aldeias de Ardãos, Bobadela, Nogueira, Sapelos e Sapiãos.

São esses rostos de mulheres, homens e crianças que se dão à estampa neste livro. Tratam-se de verdadeiros retratos, no sentido de que neles se vislumbra algo profundo, que vai para além da banal representação fotográfica do instante. Porque, como proverbialmente se diz, o rosto é o espelho da alma.

São retratos de pessoas, cada qual com uma história de vida. Nos rostos retratados vê-se a dignidade de viver, a mágoa das ausências, a honra do comprometimento, a coragem de enfrentar o futuro, o trabalho árduo, a vaidade discreta, a bondade solidária, a alegria de existir, a sabedoria da experiência.

Vêem-se as rugas da vida e a extraordinária capacidade de resistir.

* Ao abrigo do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, esta publicação não se encontra disponível online.

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