A paisagem mineira que se encontra patente na área do Parque Arqueológico do Vale do Terva (PAVT), concelho de Boticas, é reveladora de um somatório de identidades e territorialidades fruto de uma reprodução social ao logo dos tempos. Como fio condutor, a exploração mineira aurífera desempenhou desde períodos remotos uma importante função económica nas sociedades, assumindo, por isso, consoante as diferentes épocas cronológicas um papel predominante ou complementar em relação à agro-pastorícia. Deste modo, os dois grandes picos de extração deste tão apreciado metal – ouro foram o período romano, com uma exploração proto-industrial, e posteriormente o século XX numa escala industrial. Claro está que a exploração romana implica transformações na paisagem, como seja, a implementação de infraestruturas que tacitamente se articularão com a rede viária necessária, assim como o desenvolvimento de novos padrões de povoamento face aos existentes. A mineração e processos metalúrgicos adjacentes também são operações modificadoras da paisagem, por vezes, deixando até aos nossos dias as suas consequências paleoambientais. O espaço físico, fruto da interação humana e cultural com o meio ambiente é, atualmente, alvo de inúmeros estudos em diversas áreas na procura de uma melhor compreensão, preservação e valorização de uma importante Herança Cultural Mineira. Este trabalho pretende ser mais um contributo para a investigação dessa área e, só foi possível, graças às ações desenvolvidas pelo Município de Boticas em parceria com a Universidade do Minho, e financiadas por fundos europeus no quadro do EEC PROVERE AQUANATUR-PA/1/2011, do Eixo Prioritário II-Valorização Económica de Recursos Específicos, do ON.2-O Novo Norte.