ESCAVAÇÃO
O Povoado das Batocas, ou Lamas da Cidade, como é localmente conhecido, tem sido objeto de intervenções arqueológicas programadas desde 2010, constituindo um dos sítios arqueológicos fundamentais para a consolidação do Parque Arqueológico do Vale do Terva como recurso de investigação em arqueologia.
O Povoado das Batocas localiza-se a nascente da aldeia de Ardãos, tendo, sobranceiro a si, uma via secundária que ligaria as frentes de exploração do Limarinho, Poço das Freitas e Batocas à Via XVII, a norte, junto ao atual santuário de Nossa Senhora das Neves. É composto por um conjunto de edifícios cuja planta e área de implantação começa a vislumbrar-se, desenvolvendo-se a partir de um outeiro que confronta com a frente mineira das Batocas.
No edificado exumado reconhecem-se duas disposições distintas: na área setentrional, sobre a parte mais elevada do local, os edifícios dispõem-se de forma ortogonal, na orientação OSO-ENE e SSE-NNO; na sua metade meridional, o edificado surge de forma igualmente ortogonal, contudo disposto na orientação SO-NE e SE-NO. Admite-se, nesta fase, que os dois conjuntos são contemporâneos e que as alterações se deverão à gestão do espaço construído em face da topografia da área, uma vez que os dados arqueológicos exumados apontam para uma ocupação balizada entre os meados séc. I d.C. – meados do séc. II d.C..
O achado de gangas de fundição e fragmentos de cadinhos em argila refratária, com pingos de ouro ainda concrecionados nas paredes vitrificadas, são testemunhos evidentes da fundição de ouro neste local. Foram também detetados vestígios de áreas de combustão que, em futuras campanhas, se espera que venham a revelar mais sobre a estrutura de fundição propriamente dita.
Em 2017 as ruínas foram alvo de um processo especializado de conservação e restauro preventivo, fundamental para a concretização de um plano de gestão do sítio arqueológico assente numa perspetiva de integração e sustentabilidade face à fruição pública do monumento, devolvendo às comunidades locais aqueles que são elementos incontornáveis da sua/nossa história comum, conforme estipulado pelas recomendações europeias para a conservação e restauro do património cultural.